Há vinte anos, fui a uma
festa descontraída, de dia das mães, na escola de Educação Infantil de minhas
filhas. A escola caprichou muito mais em emoções do que em aparências, tanto é
que não esqueci de cada detalhe. Afinal, a emoção é a cola da memória. A festa
foi no pátio da escola e começou com um coral composto por crianças de 1 a 5
anos. As minhas filhas tinham 3 e 1 na época. As crianças começaram, com
aquelas vozes infantis que pareciam anjos, a cantar Vinícius: “Eu sem você não
tenho porque, porque sem você não sei nem chorar. Sou chama sem luz, jardim sem
luar, luar sem amor amor sem se dar. E eu sem você, sou só desamor, um barco
sem mar, um campo sem flor...” E claro que quase todas as mães se debulharam em
lágrimas. Devo até ter puxado o coro. Mal havíamos recuperado e mais atividades
e mais atividades do tipo que você se pega agradecendo: “Meu Deus! Obrigada por
eu ser mãe!” E, para finalizar veio a entrega dos presentes, que eu achei
incrível além de muito bem contextualizado e útil. Nesta época, morávamos em
Fortaleza/CE. As crianças pintaram cangas de praia, e como era escola
construtivista, elas mesmo pintaram. Não era aquela coisa para pai ver. E é
claro que as tenho até hoje. Eu estava em festa, abraçando minhas filhas,
nos enrolando nas cangas, agradecida por tudo e pelo tanto, quando uma mãe
puxando o seu filho interrompeu este meu momento sublime e perguntou: “Você
pode me fazer um favor?” Nunca a tinha visto, embora a escola fosse pequena,
mas disse que sim, se estivesse ao meu alcance. E ela prosseguiu, enquanto puxava
uma de minhas cangas: “É que vi esta sua canga e ela está perfeita para o meu
biquíni. Você troca comigo?” Atordoada com o pedido, olhei imediatamente para o
filho dela, que cabisbaixo esticava o seu braço para me entregar a canga que
ele havia pintado para a sua mãe. Abaxei-me e fiquei da sua altura. Segurei a
sua canga, envolvendo o menino nos meus braços e fiz com que nós dois a
esticássemos juntos. E olhamos e conversamos como ela estava linda! Beijei o
menino, levantei, respirei fundo e disse a mãe: “Posso te pedir um favor?” Ela
animada, balançou a cabeça afirmativamente. Segurei-lhe as mãos, olhei bem fundo
em seus olhos e disse com calma: “Compre um biquíni que combina com a sua
canga? Por favor!” E busquei dizer com os olhos tudo o que eu queria dizer, mas
não queria deixar ainda mais claro ao menino. E continuei: “Eu tenho certeza
que você ficará linda nesta canga e o seu filho muito feliz ao te ver usando.”
E chorei por aquele menino. E mais agradeci à vida e ao privilégio de viver,
feliz e em intensidade, todos os dias, a tão maravilhosa maternidade. E mesmo
as filhas já terem batido asas, eu sei que a maternidade permanece e
permanecerá para sempre.
Felizes dias da mãe! Sim,
dias, assim como são.
Desejo que seja feliz e
intensa na maternidade, assim como na vida. Desejo que seja feliz cada dia,
sendo ele bom ou não. Pois se teve dia, teve vida e isto já é mais do que bom.
Parabéns, Mãe!
Parabéns Mães!
Que post emocionantes, Lígia!
ResponderExcluirVocê já era muito sábia em suas palavras e atitudes desde cedo, hein! <3
Obrigada pelo aprendizado!
Espero que seu dia das mães tenha sido muito especial!
B-jão!
Linda mensagem! E que enorme sensibilidade e sabedoria a sua...Parabéns!!!
ResponderExcluirOlá Lígia
ResponderExcluirBela postagem, ser mãe é um presente de Deus. Bjs querida.
Perfeito e que lição para mãe, "compre um biquine que combine," pois seu filho fez com Amor.
ResponderExcluirQuerida Ligia que licão de vida maravilhosa. Se todas as mães agissem como você, haveriam outros filhos.no mundo.
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