19 de dez. de 2013

86. EU FICO COM A PUREZA DAS PERGUNTAS E DAS RESPOSTAS DAS CRIANÇAS...


Daqui a pouco é Natal e comemoraremos o aniversário de Jesus, embora nossa sociedade consumista ajude-nos a esquecer disso. Que presente ganha o aniversariante? Hum... Mas falando Dele, há uma frase, em Marcos 10:15, que sempre me vem a mente: “Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele.” O que Jesus quis dizer com isso? Arrisco-me a dizer que não devemos esquecer a criança que há em nós, aquela que a sociedade não corrompe e nem mesmo nós. A criança é pura, é verdadeira, muitas vezes sábia, diz o que tem que dizer, faz o que quer fazer, sem se preocupar com o que dita a sociedade. Ela simplesmente é.
Trago então algumas pequenas histórias para que possamos nos lembrar do que é ser criança.
1. A senhora foi ao cabeleleiro. Na saída encontrou uma amiga com a neta e comentou: “Fui ao salão ficar mais bonita.” E eis que a criança responde: “E porque não ficou?”
2. O pai pergunta à criança porque terminou o namoro. Ela diz que quando saía da escola esquecia de encontra-lo. Mas adianta que há outro menino interessado. “E o que respondeu a ele?”, pergunta o pai. Disse: “Se eu me lembrar de você nos próximos dias, então a gente pode ficar noivo”. Que sábia resposta!
3. A menina faz várias perguntas a mãe. Quem criou isso e aquilo? E a mãe responde a todas: “Foi Deus”. Não satisfeita, faz a pergunta derradeira: “E quem criou Deus?” A mãe emudeceu.
4. A pequena iria fazer primeira comunhão. Aflita comenta com  a irmã: “Não sei o que confessar ao padre!” A irmã responde de sopetão: “Pede para a vovó alguns pecados emprestados.”
5. A filha passeia com a mãe, faz diversas perguntas e conclui: “Nossa, como você é sabida!” A mãe responde: “Para sermos mãe temos que fazer um teste.” A filha logo a interrompe: “Então, quem não passa no teste vira pai?” Ops, não fui eu quem falei.
6. Morre a avó querida da criança. A mãe a consola dizendo que ela virou uma estrelinha. Tempos depois vão ao cemitério e a mãe diz que a avó está ali. A criança pergunta: “Mas ela está aqui ou no céu feito estrelinha?” Hum... Não subestime a criança.
7. Duas mulheres conversam com uma criança ao lado. “Vou fazer cirurgia, pois meu peito caiu.”, diz uma delas. A criança olha para o chão, olha para a mulher e diz: “Você pegou de volta?”
8. No velório do avô, a criança pergunta ao pai: “Como ele sabe que morreu?” Boa pergunta.
9. A mãe preocupada com a maturidade da criança convoca-a para uma conversa: “Vamos falar de sexo?” E a criança responde: “Qual a sua dúvida?”
10. “Mãe, já sei contar.”, diz a criança. E começa: “Um, dois, três... dez e sete, dez e oito, dez e nove, dez e dez.” Ah que delicia a lógica infantil! Convenhamos... é bem melhor que a nossa.
Conte também a sua história.

Que nos lembremos do verdadeiro sentido do Natal e que neste 2014 possamos resgatar com todas as nossas forças a magia, a beleza, a pureza  e a delicia de ser criança. Boas festas!

12 de dez. de 2013

85. Perder a ingenuidade: uma dor sem saída.


Uma das coisas que mais me entristece na educação das minhas filhas é vê-las perdendo a ingenuidade e os olhares da infância. Meu primeiro choque desta dura realidade foi quando um casal de amigos foi sequestrado com as filhas. Uma delas chorava tanto que o sequestrador quase a matou. Vi-me sem saída e disse a elas: “Se um dia isso acontecer conosco, engulam o choro, mantenham a calma e depois, quando tudo terminar, choramos todos juntos.” Senti-me cruel, não dormi a noite, que mundo! Meses depois, assistíamos o Jornal Nacional, elas passaram pela sala e viram um garoto americano e armado entrando numa escola e matando quase todas as crianças. A mais nova, com cerca de 6 anos, perguntou-me: “Se isso acontecer na minha escola é melhor eu me misturar aos mortos e fingir que estou morta, né?” Esse comentário dilacerou meu coração! Fiquei petrificada, mas os seus olhos atentos esperavam por minha resposta. E tive que dizer: “Sim, é a melhor coisa que você faz!” Que triste dizer isso, mas a solução parecia-me horrorosamente boa. Hoje já estão mais velhas e a perda da ingenuidade ganha nova dimensão. Incomodam-se com as injustiças sociais, com o mundo corporativo, com a ganância dos políticos, com a desumanização da sociedade, com a falta de confiança nas pessoas. Dói nelas e dói em mim. Dizia Thomas Hobbes: “O homem é  lobo do próprio homem.” Dizia um professor meu: “O lobo não tem nada a ver com isso!” Que acordemos e consigamos manter por mais tempo a inocência de nossos filhos. Façamos a nossa parte.

5 de dez. de 2013

84. CICLOS ESPIRALADOS: NOVO PATAMAR.


Fui na escola de minha caçula. Aprovada no 3° ano do Ensino Médio. Fim de meu papel como mãe de aluno de escola. Sensação atrapalhada. Por um lado, almejava por isto. Por outro, senti um certo vazio. Muito tempo vivido em escolas: como aluna, como professora, como mãe. Devido as nossas mudanças de estado, minhas filhas estudaram em várias escolas. Pensei em cada uma. Não há escola perfeita. Pensei neste fim. Será que terei saudades da lista de lanche coletivo que chega na véspera? 50 coxinhas para amanhã? Um bolo de chocolate para as 7!? E aquelas fantasias para a apresentação de final de ano? Caras e nada aproveitáveis para outros eventos. E a lição que o filho não tem condições de fazer sozinho? E as injustiças que a professora cometeu contra ele? E a maquete para daqui a dois dias? E os trabalhos em grupo? Na casa de quem? Como vão e voltam? Será que terei saudades? Sei que precisei ser equilibrista e ter muita logística neste meu tempo de mãe de aluno de escola. Mas sei que terei saudades de muitas coisas também. De levar e buscar, de saber das novidades, das confusões, do que aprendeu de bom, das piadas que o professor contou em sala, das reuniões de pais e mestres, dos eventos, das festas, das trocas com os pais, alunos, funcionários, professores, coordenadores, diretores. Obrigada Escolas! Mas a vida é assim, como um espiral, onde uma conquista vale de base para as demais. Um caracol crescente. Creio que tivemos um bom ciclo, base forte para o que está por vir. Que venham os novos desafios! Continuemos a caracolar!