23 de jul. de 2013

73- EDUCAÇÃO PELO MUNDO. CHINA: III- ESCOLA, FAMÍLIA E A ÂNSIA PELA COMPETITIVIDADE.


Tão logo a criança entra na escola, inicia uma enorme expectativa dos pais e da escola sobre  sua disciplina e rendimento escolar. E logo inculcam na criança a valorização à competitividade. Afinal, num país tão populoso a competição já faz parte da cultura.
Com isso, nota-se uma grande parceria entre a escola e os pais. Em geral, a família coopera com a formação e o rendimento do aluno, e pressiona a escola requerendo qualidade e ensino puxado. Muitas mães param de trabalhar para apoiar o filho, e a casa tende a ser organizada para viabilizar um bom estudo.
As escolas, na maioria públicas, são de período integral e a rotina do aluno é intensa e extensa. E ao chegar em casa, ainda tem aulas extras e estuda por mais 3 ou 4 horas. Não há tempo para o lazer, para o ócio, para namoro, para viver além dos estudos. O foco é estudar, ser o melhor, superar os adversários e enfrentar o “Gao Kao”, que é o teste que lhes garantirá o ingresso a uma boa universidade, e que por sua vez, possibilitará um bom emprego e uma carreira de sucesso. 

No ambiente escolar é notória a organização e a concentração dos alunos de qualquer faixa etária. E, além de serem muito parecidos fisicamente, são também em termos comportamentais. Tímidos, reprimidos, focados, competitivos, disciplinados, excelentes alunos, mas pouco criativos e inovadores. Mas isto não fica assim, afinal a competição agora é também internacional. Veja no próximo post as mudanças que se fizeram necessárias.


ps: Note que nas salas de aula há alguns brasileiros tirando fotos, assim como eu. Nem professores e nem alunos desconcentram. Incrível!

16 de jul. de 2013

72- EDUCAÇÃO PELO MUNDO. CHINA: II: O FIM DA AFETIVIDADE E O INÍCIO DA COMPETIÇÃO.


Como vimos na postagem anterior, na primeira infância os chineses enchem as crianças de carinhos e toques. E a medida em que os filhos vão crescendo, os pais se afastam deles, física e afetuosamente. Reprimem o afeto. Os chineses não se abraçam! Claro que há uma interferência cultural nesse comportamento. Durante a Revolução Cultural o amor pela família era considerado uma traição ao país e ao partido comunista que deveria estar acima de tudo e de todos. Assim, as crianças eram afastadas dos pais para não se contaminarem com os antigos costumes.
Hoje, após a abertura ao mundo, a China começa a ter influências ocidentais, inclusive na afetividade. Mas, toda mudança é lenta, e enquanto isso a repressão afetiva parece servir como uma proteção emocional às famílias. Além disso, as mais pobres mandam os filhos para outras províncias em busca de trabalho. E as mais ricas internam as crianças em escolas acreditando ser o melhor para a sua formação. Visitei alguns quartos destas escolas. Sem aconchego, frio, pouco colorido e impecavelmente organizado. Num deles havia um mural com as fotos das crianças que ali habitavam. Tinham no máximo 5 anos! Meu coração brasileiro saiu pequenininho.
Quadro de honra ao mérito.
E, por serem únicos, os filhos recebem muitas pressões e grandes expectativas da família para serem os melhores alunos, os melhores no trabalho, os melhores em tudo. A competitividade está travada. Veja como isto funciona na próxima postagem. 



9 de jul. de 2013

71- EDUCAÇÃO PELO MUNDO.CHINA: I. A POLÍTICA DO FILHO ÚNICO.


Fui a China buscar entender melhor a educação escolar e familiar deste país. E mais uma vez concluí: a cultura diz muito do seu povo. Assim, convido-o a ler estas impressões buscando isentar-se, na medida do possível, da cultura que nos faz.
A política do filho único, para controle populacional, traz consequências em vários setores. As famílias são muito pressionadas socialmente e financeiramente, recebendo multas elevadas se não cumprirem a ordem. E levam isso a sério.
A possibilidade de um único filho faz com que o deficiente seja considerado uma mancha na vida familiar. É comum abandoná-lo em instituições específicas ou deixá-lo morrer. Assim como fazem com as crianças que nascem sem um lar institucionalizado.
Por anos, a ideologia chinesa valorizou o sexo masculino. E por só poder ter um filho, as meninas eram abandonadas, mortas ou entregues à adoção. Todavia, hoje, com mais acesso à educação, as mentes estão sendo mudadas. Aliás, nota-se que o sexo feminino está em alta. Nas escolas era frequente ouvir o elogio à supremacia feminina nos estudos e na aprendizagem. 
Tal política favorece ainda um excesso de zelo, mimo e de expectativas nesta criança única. Além disso, é comum os avós morarem junto com a família. Era frequente ver pelas ruas crianças cercadas de adultos fazendo as vontades dos pequenos imperadores. Mas isto não permanece assim. Há uma virada drástica nesta relação afetiva. Aguarde a próxima postagem.