22 de nov. de 2012

58- EM CADA CABEÇA UMA SENTENÇA


Temos uma mania irreparável de achar que as outras pessoas percebem o mundo, os outros e a si mesmo, do mesmo modo que nós. Não é de se estranhar os tantos problemas de relações que presenciamos. Nietzsche dizia que tudo é interpretação. E é vero. Pois, o que cada um percebe, sente, constrói, fala, pensa, age, o faz de acordo com o que já possui dentro de si. Interagimos com o mundo e com os outros a partir do que somos e não da maneira como se apresentam a nós. Perceber isso é fundamental para compreender e ajudar no progresso do seu filho. Certa vez, alfabetizei uma empregada pelos livros de receita, sua grande paixão. Mas, os bolos eram pesados e indigestos. Alguma coisa não havia aprendido bem. Após uma breve investigação para encontrar o erro tive um insight: Perguntei-lhe o que significava ¾ de xícara. Sem pestanejar ela disse: 3 ou 4 xícaras. Senti como se eu tivesse conseguido adentrar em sua cabeça e detectado o que precisaria ser resignificado. Na aula seguinte estudamos frações. No caso dos filhos é a mesma coisa. Vale observar, perguntar e buscar perceber como ele está construindo a realidade, os outros e a si mesmo para ajudá-lo a fazer os ajustes necessários. Mas é preciso atenção, pois há coisas que já estão tão incorporadas em nós que nem notamos que há a possibilidade de se perceber de modo diferente. Uma criança pequena ouviu a mãe dizer que faria uma plástica, pois sua mama estava caída. A criança assustada logo perguntou: “Caiu e você colocou de volta?”