18 de nov. de 2015

171. VOCÊ JÁ DESENHOU O PERFUME DE UMA FLOR?


Estava em seminário com as educadoras Maddalena Todeschi e Loretta Bertani de Reggio Emilia (Itália), cidade reconhecida pela sua educação infantil. Em suas escolas há muita reciprocidade entre adultos e crianças, num clima de alegria e com liberdade para expressar o seu ponto de vista sem que haja julgamentos. “Quanto melhor este clima, mais cada um trará o original que há dentro de si.”, diz Todeschi, e que vai ampliando-se a partir das experiências. Também não há salas fechadas, mas diferentes espaços que se interligam possibilitando a construção ampla do que se aprende, bem como a sua revisitação. Espaços para desenho e pintura, construção, jardim interno e externo, cozinha, enfim uma escola repleta de possibilidades de aprendizagens e em movimento. Conto um episódio. Numa determinada turma e momento, discutia-se o desejo. Citarei duas reflexões dos pequenos. Veja que riqueza: “Quando eu desejo, minha mente se abre.” “Você pode comprar uma flor, mas não pode comprar o perfume dela.” Nossa! Como as crianças sabem dizer as coisas! Parei nestas frases por dias. Mas as crianças continuaram. Foram desenhar o perfume da flor! Alguém aí já pensou em desenhar o perfume? Eu nunca! Obrigada crianças por esta aprendizagem! Achei sensacional e os desenhos ficaram maravilhosos. Concluo que cabe sim ao adulto “provocar” as crianças para que ampliem o conhecimento de si, do mundo e percebam o que não se mostra ou nomeia. Mas cabe principalmente deixar-se ser provocado por elas. Vou lá desenhar o meu perfume.

6 de nov. de 2015

170. MEU AVÔ VIROU BEBÊ!


Ouvi isto de uma criança de 6 anos: “Meu avô virou bebê!” Claro que continuei a conversa para saber o porquê ela assim pensava. “Ele usa fraldas e tem babá!”, explicou rapidamente e com certo desdém. Logo nos vi num ciclo de vida e associei a duas lembranças. Uma delas foi um vídeo que circulou pelas redes sociais (clique no link abaixo) que mostra as fases deste ciclo com os seus surpreendentes desafios. E a outra, foi mais recente. O relato da italiana Maddalena Todeschi, um dos nomes de referência da educação infantil de Reggio Emilia, cidade que é referência mundial em educação infantil. Contou-nos de vários projetos, mas irei focar num pedacinho de um. As crianças de 4-5 anos junto com professores e também com eventuais participações dos pais, pesquisavam, interagiam, construíam o conhecimento sobre o ciclo da vida. Como parte do projeto, colocou-se um vaso com uma planta para as crianças observarem, questionarem, registrarem as suas construções, entre tantas discussões sensacionais entre elas e o mediador. Interessante que as folhas caídas ali ficavam. Nada de vassoura nelas! Pois, ilustrava uma das fases da vida. Isso queriam ensinar às crianças. “Cada um, no momento que está vivendo, tem a sua beleza. É uma responsabilidade ética ensinar isso a elas.”, diz Maddalena. Afinal, se a planta declara seu ciclo vital, nós humanos também. Importante ajudar a criança a perceber que há fases, há ciclos e há beleza em cada uma delas. Inclusive nas folhas caídas e no avô que virou bebê. Este conseguiu viver o ciclo da vida. Bravo!