Fotos cedidas pelo prof Casio Lucena |
Há vários níveis deste transtorno, do leve ao severo, mas em geral, o
portador do TEA tem o cérebro
hiperexcitado. Ou seja, diferente da maioria, que a cada nova atividade
desliga a anterior, o autista liga uma nova atividade sem desligar a outra. Assim,
ao longo do dia ele vai fazendo centenas de atividades ao mesmo tempo. Para dar
conta de tantos estímulos, ele se organiza com padrões restritos e repetitivos não só comportamentais, mas também
de interesses e/ou atitudes marcados por acentuadas rotinas e rituais. Fácil entender o porquê possuem grande
dificuldade em lidar com as mudanças ou excesso de estímulos, pois se
desorganizam e entram em crise. Além disso, seu diferente desenvolvimento
neurológico gera-lhe prejuízos na comunicação
social, na interação social e reciprocidade sócio-emocional, o que é
fácil supor que acarreta a ele grandes dificuldades para se adaptar a este
mundo, que é pensado para outro tipo de funcionamento cerebral. Como podemos
então favorecer-lhe desenvolvimentos sem que ele se desorganize?
Há várias atividades para ajudar a criança a aprender, a desenvolver
suas tantas possibilidades na escola e na vida. Cito uma, a prática da
capoeira, que favorece o desenvolvimento integral do portador de TEA. Esta
prática traz movimentos corporais ritmados, acompanhados de uma música com
repetições bem marcadas e tendo como principal instrumento, o berimbau,
instrumento de uma corda só, que proporciona uma música interessante, rústica e
sem grandes estímulos musicais. A prática ainda segue ritual e rotina bem
definidos, com integração social leve e em roda, tendo no centro apenas dois
integrantes, cujos movimentos não são tão desestruturantes, como pode ser em um
jogo de equipes, como o futebol, com mais imprevistos que podem desorganizar a
criança. Como vemos, a capoeira vai muito ao encontro das características das
crianças com TEA e ao seu funcionamento e por isso, pode ser uma boa opção ao
seu desenvolvimento integral.
Fotos cedidas pelo prof Casio Lucena |
Conheci o professor Cássio Lucena, que trabalha, a prática da capoeira
com crianças com o TEA e outros transtornos em Recife/PE há alguns anos, e que juntamente
com o professor Daniel Pina, estão começando um projeto na academia Santè em
Boa Viagem para a inclusão destas crianças no universo da atividade física. Vi
um pouco mais de perto o seu trabalho e marcamos um bate-papo. A fala
emocionada e emocionante do professor, ilustrada por vídeos das atividades e dos
progressos dos alunos, deixava claro os seus benefícios, que logo o professor
elencou.
1. A cadência rítmica e a expressão corporal da capoeira permite o
envolvimento do corpo do aluno como um todo, além de favorecer a integração com
outros indivíduos, uma de suas grandes dificuldades. 2. Trabalha a autonomia da
criança, a sua psicomotricidade não só pela coordenação dos movimentos corporais,
como também ao tocarem os instrumentos como o berimbau, atabaque e o pandeiro,
desenvolvendo ainda a musicalidade. 3. Também favorece a comunicação e a
linguagem, outra grande dificuldade apresentada pelo transtorno, ao cantarem as
músicas e falarem sobre elas. 4. E
conhecem uma nova prática cultural enquanto se desenvolvem e se integram.
Ou seja, o transtorno traz sim prejuízos, mas toda criança pode e tem o
direito a desenvolver-se. E toda criança, independente de sua constituição, é
um ser de possibilidades. Façamos o nosso melhor por elas.
Bravo, professores Cassio e Daniel e tantos outros que colaboram! Muito
lindo, útil e iluminado este trabalho. Unamos forças por mais conhecimentos destes
mundos tão únicos para agirmos a favor de suas tantas possibilidades.
No próximo post falaremos do TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade. Inscreva-se para receber por email. Acompanhe.
Qualquer dúvida, email me
prof.ligiapacheco@gmail.com
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Adorei conhecer um pouco de como funciona o cérebro das crianças com TEA!
ResponderExcluirVou acompanhar todas as postagens!
Beijos!
Muito boa essa matéria, com uma esplanacão simples sobre TEA, vou procurar saber aqui na minha cidade e tentar colocar minha família.
ResponderExcluirDigo, minha filha que tem autismo e retardo mental moderado.
ResponderExcluirExcelente matéria! Quanto mais pesquisamos e tentamos entender, mais fascinados ficamos para melhor compreender como funciona e como podemos melhorar a vida das nossas crianças com TEA.
ResponderExcluirOlá Lígia
ResponderExcluirÓtima postagem, bjs e um belo dia.