“Compreender a mente humana e o
comportamento produzido, inclui considerar seu contexto social e cultural.” (Antonio
Damásio) Ou seja, qualquer que seja o transtorno, não se pode analisá-lo de
modo isolado, mas por uma multidimensionalidade que inclui a biologia e o meio.
O TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção
e Hipertividade, é um transtorno de neurodesenvolvimento, essencialmente
comportamental. Há três fatores
neurobiológicos, especialmente ligados ao (1) processo de mielinização
tardio e amadurecimento cerebral mais lento, (2) disfunção neuroquímica e (3) ineficiente
integração entre os sistemas de antenção, que comprometem o bom funcionamento
cerebral, deixando a criança com TDAH lenta para amadurecer e rápida para se
distrair.
Isto irá comprometer e muito o desenvolvimento do Pré-frontal, área de
grande importância para as nossas funções executivas, como a organização e
planejamento da ação; motivação; memória; controle emocional; controle de
movimentos, resolução de problemas entre outras. Ou seja é uma área extremamente
importante para o dia a dia, seja na escola, no trabalho, na vida. Também o
portador, acaba tendo problemas com o sistema de recompensa cerebral e por isso
mais do que ninguém precisa de feedbacks positivos para se motivar a seguir
adiante. Todavia, por ser “excessivo” no que faz, acaba levando muita bronca, é
taxado de preguiçoso, desleixado, o que pode agravar ainda mais o quadro. Tais disfunções
acarretam três sintomas cardinais à criança com o TDAH: (1) Desatenção (divagação em tarefas; falta de persistência;
dificuldade de manter o foco; desorganização), (2) Hiperatividade (atividade motora excessiva, inquietude extrema) e
(3) Impulsividade (ações
precipitadas, desejo de recompensas imediatas, incapacidade de postergar
gratificação). Todavia, um diagnóstico sério e preciso “depende de uma
avaliação que integre os fatores biológicos aos ambientais, relacionados à
dinâmica familiar e emocional.” (Dr Mauro Muszkat). Mas atenção! No mundo todo,
há uma média de 5% de crianças com TDAH e 2,5% de adultos. Contudo, aqui no
Brasil, o número é bem mais elevado, o que nos faz refletir se não há uma
hiperdiagnosticação. Temo que muitas famílias troquem educação por Ritalina,
como faz uma conhecida minha com o filho. “Ele fica ótimo, tão bonzinho!”, diz
ela. E como sei também de muitos estudantes que a tem usado para potencializar
as suas funções executivas. É bom cuidar, pois há contra-indicações. Assim,
antes de medicar, tenha certeza do diagnóstico, procure uma equipe
multidisciplinar, para não colocar em risco o desenvolvimento do seu filho. Na
próxima coluna, tratarei das principais dificuldades de quem possui o TDAH e como
podemos contribuir para ajudá-lo a vencê-las.
Até lá!
Qualquer dúvida, email me
prof.ligiapacheco@gmail.com
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