Território do brincar é um longa, no mínimo, poético, dirigido por
David Reeks e Renata Meirelles. Trata do brincar infantil em diferentes regiões
e realidades do Brasil. O longa conseguiu me colocar dentro da tela, arrepiou
os meus vários sentidos, me fez sentir, deliciar-me e fomentar reflexões. O
modo como as crianças brincam no filme dizem da escola dos meus sonhos. Na
realidade delas, seja em dunas, mares, florestas, cidades, as crianças
desenvolvem brinquedos e brincadeiras que trazem em si valiosos conhecimentos culturais
e interdisciplinares. Aprendem e desenvolvem matemática, química, física, biologia,
história, geografia, linguística, psicomotricidade, sociologia, cidadania,
criatividade, imaginação na experiência. E nela já fazem os ajustes necessários
enquanto, sem nem perceberem, aprendem e
se desenvolvem. Seria um sonho se a escola aproveitasse dessa experiência para
ampliar o mundo das crianças. Interessante notar que as crianças com menos
recursos desenvolvem bem mais habilidades e competências do que as crianças com
mais recursos, que já trazem na maioria brinquedos prontos. E como subestimamos
as crianças e atrapalhamos seus desenvolvimentos limitando suas brincadeiras em
prol de uma organização de tempo e espaço, da super proteção, da facilidade tecnológica,
do consumo exagerado de brinquedos entre outros, dificultando com que encontrem
o brincar no dia a dia e se desenvolvam integralmente. Leve seu filho para
assistir esse filme. Façam dele uma grande inspiração para as férias e para a
vida.
Oriento FAMÍLIAS, seus FILHOS e formo PROFESSORES. Este BLOG traz conhecimentos experimentados na minha prática com reflexões e dicas para quem ENSINA e APRENDE. Contato: email: prof.ligiapacheco@gmail.com Instagran: @ligiapa
26 de jun. de 2015
17 de jun. de 2015
152. PARA GABI EM SEUS 21 ANOS.
Quando fiz 21 anos meu pai lançou-me um enigma como sempre gostava de
fazer. E, como sempre, eu passava horas, dias ou até anos até sossegar com uma
boa resposta. E nesse dia não foi diferente. Ele disse: “Parabéns, minha filha!
Agora já é dona do seu nariz.” Fez uma pausa e continuou: “Mas lembre-se: não é
dona dos buracos que nele há.” A expressão “ser dona do nariz” era-me familiar.
Ser independente, livre, responsável por meus atos eu já vinha sendo ao morar
sozinha, experiência muito importante à minha formação. Mas, o que significava
não ser dona dos buracos do nariz? Já modifiquei alguns vezes essa resposta,
mas hoje eu diria que ser dona de si não significa fazer o que se quer, nem quando,
onde e por que se quer, pois há os buracos. Os buracos hoje simbolizam tudo o
que não sou eu, mas que eu interajo de certa forma. Lembram-me que vivo no
mundo, com o mundo e com os outros, e que devo ter uma contribuição responsável
com os seres e ambientes, ciente de que esses “buracos” são também ocupados por
outros. Que por eles coisas boas e ruins podem ser “respiradas” e por isso que
é fundamental saber onde coloco o meu nariz. Mas que é graças ao que não me
pertence, o buraco, que posso oxigenar, movimentar e dar vida à vida. Parabéns,
minha filha! Há 21 anos vivo a delícia de ser mãe e de tê-la como filha. É um
encanto e um presente participar e notar o quão brilhantemente constrói a sua
vida e o seu ser com tanta consciência de seu nariz com seus buracos. Viva!
Bravo!
11 de jun. de 2015
151. À MODA ANTIGA
Recebi um cartão de minha filha que está na Austrália, e que
aproveitou para viajar ao Cambodja, Laos e Tailândia. De volta à cidade onde
mora pôs-se a enviar os postais que havia comprado. “Gosto da delicadeza e do
carinho implícito ao colocar um cartão no correio.”, revelou-me, enquanto eu a
agradecia. Claro que recebo muitas mensagens instantâneas dela por whatsapp,
facebook, email. E amo todas. Mas receber um cartão pelo correio levou-me ao
céu e chegou com muito mais sabor. Por trás dele havia o tempo gasto na escolha
do cartão, a escrita pensada, o local escolhido para se inspirar, a ida ao
correio, a compra do selo, o preenchimento do envelope... Um cartão que levou
dias e dias para chegar, atravessou o oceano, percorreu quilômetros, passou por
diversas situações. Senti como se todo esse processo apurasse o sabor do
alimento que trazia. Voltei no tempo. Como era bom aguardar o carteiro, esperar
por cartas, respondê-las. Claro que a tecnologia nos possibilitou ter ainda
mais contatos e é incrível poder trocar mensagens em tempo real independente da
distância e do tempo. Mas, assim como o fastfood, não têm o mesmo sabor. Não...
não abro mão da tecnologia que é prática e eficiente. Mas saber saborear esses
prazeres simples é algo que tem me valido a atenção, o exercício e a prática.
Obrigada Gabi por esse momento tão especial que me proporcionou. Obrigada por
todo o processo, pela imagem tão significativa, pelo conteúdo tão emocionante e
por suas digitais por todo ele. Fez sua mãe prá lá de feliz. Te amo.
3 de jun. de 2015
150. DESCONECTAR PARA CONECTAR.
Visita na casa de alguma avó.
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Esses dias recebemos uma mensagem de nossa filha que está há quase um
ano na Austrália: “Por aqui está tudo bem, não se preocupem. Mas, vou fazer uma
experiência e ficar três dias sem o celular.” Perguntei o motivo e obtive como
resposta: “Mãe, eu quero perceber o que estou perdendo ao meu redor enquanto
fico conectada ao mundo.” Achei brilhante a sua ideia e visão, mas queria me
certificar se havia algum outro motivo. Coisas de mãe. Imediatamente conectei o
facetime para me abastecer, acalmar, vê-la e saber mais. Pausa. Viva sim esta
tecnologia que tem muitos benefícios. Mas, encaremos de frente. Estamos viciados nela. E
isso tem atrapalhado também a relação entre pais e filhos. Um exemplo? Observe qualquer
lugar onde haja família “unida”. Restaurante, shoppings, festas. Em geral, cada
um está no seu mundo. E Gabi tem razão: estamos tão plugados que mal percebemos
o que e quem está ao nosso redor. Quando saímos em família, em geral, nossas
filhas pedem para não levarmos os celulares. Não é maravilhoso? Sinal de que
gostam e priorizam a nossa presença e gostam de conversar conosco. Mas isso não
é sorte ou surgiu do nada. Investimos para tanto. E é esse desafio que quero
propor: desconectar-se um pouco do mundo que está nas mãos para se conectar, sem
distração, com a família. Relação entre pais e filhos se aprende e requer atenção,
intenção, continuidade, espaço, diálogo, carinho, respeito, prazer, confiança,
troca, tempo entre outras construções. Não se dá por um acaso. Atente ao seu
redor e não perca a principal conexão.
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