19 de mai. de 2020

230. PÉ DE GALINHA


Certa vez, estava em um parque de São Paulo, que mais parece um sítio em meio aos concretos da pauliceia. Há galinhas, pintinhos, gansos, patos, pavões todos soltos compartilhando o espaço conosco sem cerimônia. O sol começava a se despedir e as galinhas começaram a se empoleirar em uma árvore. Cacarejavam sem parar e eu as observava feito criança, imaginando o que tanto falavam. Neste momento, chega uma criança de cerca de cinco anos, fixa o seu olhar para a árvore com encantamento e exclama a mim a sua grande descoberta: “Agora que eu entendi o que minha mãe sempre fala!!! Já sei o que é um pé de galinha!!!!” E saiu todo importante, com o peito empinado, sorriso largo, sem nem se preocupar com o que eu pensava. Além da fofura da sua conclusão, e de como funciona a mente infantil (leia postagem anterior), fiquei a pensar no quanto muitas vezes saímos assim, como se tivéssemos descoberto a pólvora sem nos atentarmos aos enganos de nossas verdades e conclusões.

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