A criança não nasce sabendo do mundo, de si e das pessoas. Precisará de
tudo aprender. A princípio, pelos SENTIDOS, EMOÇÕES e MOVIMENTOS. Leva o mundo
à boca, desafia-se, explora os objetos, a si mesma, as pessoas, os tempos, os
espaços, as relações de tudo isso e a sua relação com tudo isso. Estas
experiências lhe proporcionam um primeiro conhecimento de como as pessoas e as
coisas são e funcionam. E nesta fase, a cada dia, há sempre uma surpreendente novidade.
Com o desenvolvimento da LINGUAGEM o seu mundo interno ganha muitas
possibilidades. Brinca, cria e representa o mundo que vive e conhece através de
personagens, jogos simbólicos, de faz-de-conta. Conversa sozinha, interage com
tudo e todos numa imensa e intensa vontade de explorar e aprender. Ao brincar
de casinha, de médico, de bicho, de polícia ladrão, de luta, a criança, além de
desenvolver a linguagem e habilidades sócio-emocionais, ela vive papéis que a
ajudam a compreender as regras de cada segmento da cultura que está inserida,
as suas convenções, seus problemas, suas diferenças, seus costumes. Pode
refletir e incorporar as características e as ações de quem imita e aprende que
o mundo não é ela e nem que tudo é do jeito dela. Estas experiências, ajudam-na
a compreender melhor de si, dos outros e do
mundo, e a representá-los dentro de si. Isto a possibilita pensar,
imaginar, entender, falar sobre ele, ainda que seja de forma desorganizada e
sem lógica. Por exemplo, quando a criança nos conta uma história, não há ainda
uma organização espaço-temporal, certo? O fim vem embolado com o meio que passa
ao começo e volta ao fim. Isso é normal para a fase. Mas é momento que requer
redobrada atenção ao que é oferecido à criança, pois ela ainda age como
“esponja”, imita e absorve tudo sem crítica. Aliás, esta se ensina desde
pequeno. E é bom fazê-lo.
Pois, o MUNDO EXTERNO que é oferecido ao seu filho, com suas concepções,
valores, erros, acertos, medos, modos de viver e de ser, dirá de seu MUNDO
INTERNO, de seu ser, de sua interação com o meio. Dirá de como ele agirá,
pensará, amará, odiará, falará, perceberá, criará o mundo externo, que dirá do
seu interno num processo sem fim. Ou seja, se uma criança recebe sempre
elogios, é protegida de qualquer frustração e a mãe obedece a tudo o que ela
pede, este será o mundo externo que ela internalizará, e a partir dele perceberá
e agirá no mundo. Quando na escola, a professor não a destacar diante da
classe, ou quando tirar uma nota baixa, ou não for tratada como rainha, é bem
provável que sofra, que culpe a outros, que se desorganize, que fique
agressiva, pois não foi este mundo externo que construiu em si. Por isso vale
sempre se perguntar: QUE MUNDO OFEREÇO AO MEU FILHO? Claro que outros mundos
virão. Mas o primeiro deles, é a família. E o primeiro deles será a base de
tudo. Pense na sua vida e observe como tudo o que você é tem uma ligação com a
sua criança. A infância é tudo. Cuide bem da do seu filho, da construção do
mundo que ele fará.
Conforme a criança amplia suas representações, ela sente a necessidade
de organizá-las, dar um sentido maior e passa a CATEGORIZAR os mundos que
conhece. O mundo das profissões, dos animais, dos objetos engraçados, dos
objetos escolares, além de amar as coleções. Nesta fase, é bom enfatizar a
organização externa para ajudar na interna, e saber que a criança ainda pensa
de forma bem concreta, ao pé da letra e com uma pré-lógica deliciosa. Para ela,
um trânsito engarrafado, pode significar carros dentro de uma garrafa, assim
como ao pé da letra, pode ser uma letra com pé. Mas, os estímulos cada vez mais
diversos do meio, a mediação daqueles que interagem com ela, sua interação com
eles e o amadurecimento do sistema nervoso, a ajudarão a progredir e logo
conseguirá ABSTRAIR o pensamento, desenvolver a lógica, a perceber metáforas,
expressões idiomáticas, fortalecer a sua personalidade, as suas verdades,
valores, saberes de tantos outros mundos, usando as bases das construções do
seu primeiro mundo. E num piscar de olhos está adolescente, adulto e parindo
nova criança, que a princípio aprenderá pelos sentidos, emoções e movimentos...
Note que em todas as fases, a participação ativa da criança na EXPERIÊNCIA
é fundamental. Afinal, não é possível desenvolver no lugar do outro. Assim, com
bom senso, não devemos impedí-la, pois será como querer alimentá-la oferecendo-lhe
um cardápio. Logo, quantidade e qualidade de experiências são importantes,
assim como o modo como a criança interage com a oportunidade. E isso se
aprende. Atenção! Dizer a criança que ela não é capaz, enche-la de medos, criar
resistências, fazer em seu lugar, superprotegê-la, poupá-la, devem ser
observados, pois são impeditivos de desenvolvimento. Vale diversificar
atividades, não se acomodar só a tecnologia, criar boas oportunidades de
aprendizagens e desenvolvimentos e reflitir sempre sobre o mundo oferecido ao filho,
pois é dele que ele constituirá o seu primeiro e mais importante mundo. Base de
tudo e de todo o resto. Atente-se a isso. Feliz mundos!
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