A mãe de Júlia de 7 anos estava preocupada com o rápido
desenvolvimento da filha no quesito sexualidade. A menina era provocadora, já
sabia fazer caras e bocas, não saia do facebook, já usava maquiagem e dizia ter
namorados. A mãe chama-a para uma conversa. Feito adolescente, Júlia vem se
arrastando com cara de “Que saco!” A mãe diz: “Vamos conversar desses
namorados.” Júlia responde: “Você quer que eu te ensine a namorar!?” Infelizmente,
conheço algumas Júlias. Digo “infelizmente”, pois sou totalmente a favor da
criança viver a tão passageira infância. Mas também conheço muitos pais de
Júlias. Observemos ao redor e pensemos sobre. Já repararam como os adultos adoram
perguntar às crianças se elas já têm namorado? Pra que? Se as Júlias usam
maquiagem, quem as comprou? Com quem aprenderam a provocar? Será mesmo
necessário ter um smartphone aos 7? E porque não saem das redes sociais? Não
estaremos nós também fixados nelas? O que tenho proporcionado nos tempos livres
da criança? Tantas outras perguntas poderíamos nos fazer. Mas, o mais importante
é lembrar que tudo, TUDO o que a criança faz ela aprendeu. E é essa a minha
provocação do dia: O que tem sido proporcionado à criança para aprender e
desenvolver? Então, alguém pode reclamar: “Mas todas as crianças hoje usam maquiagem,
tem celulares, namoram! Vou criar um estranho no ninho?” Eu respondo: “Não
seria esse ninho estranho? Todo mundo igual?”
Queridos pais de Júlias, deixemo-nas serem crianças.