24 de set. de 2014

119- SORTE?



Frequentemente escuto que tenho muita sorte por ter duas filhas autônomas, responsáveis, esforçadas, carinhosas, cooperativas entre outras qualidades as quais confirmo todas. Sorte? Bem sei o investimento feito! Melhor ouvir o ditado: sorte é o encontro da competência com a oportunidade.
Para ser pai e mãe é preciso preparar-se. É incrível como temos faculdade de tudo, e não temos para pais. Preparamo-nos para nossas profissões, adquirimos diversos conhecimentos, habilidades e competências, que nos ajudam a perceber e a agir melhor em nossa área, inclusive a notar as oportunidades! Porém, deixamos o nosso maior projeto, a formação de um ser, para “estagiarmos” a partir do que sabemos. E seguimos aprendendo entre erros e acertos numa vida sem ensaio.
Como melhorar? Estudar o desenvolvimento do filho em seu aspecto social, cognitivo, motor, afetivo, psíquico. Saber como ele aprende e como é bom ensiná-lo. Participar de palestras aos pais,  ler blogs, revistas, livros... informações não faltam. Acompanhar o filho de perto, delegando o menos possível. Orientá-lo (que é diferente de fazer por ele) sem se levar somente pelo coração ou pelo cansaço. Não esperar resultados a curto prazo, lembrando que entre a semente e a flor há o cuidado, a paciência, a perseverança, a determinação. Não desanimar com os erros ou as derrotas. Eles fazem parte. Treinar a percepção, buscando ver para além do que se mostra. E, se a oportunidade está difícil ou não te salta aos olhos, crie-a. E boa sorte! :)

19 de set. de 2014

118: QUANDO OS FILHOS NOS ENSINAM

Primeiro Passo Dado.

Se ficarmos atentos, as crianças nos ensinam muito mais do que qualquer adulto. Pois a criança não tem ainda tantos condicionamentos culturais, e não desaprendeu a olhar a magia da vida em sua simplicidade e complexidade. Mas, os maiores também nos ensinam.
Hoje liguei para a minha filha mais nova, de 17 anos, que estava ocupada com o jantar. Creio te-la educado muito bem, mas em termos de culinária deixei a desejar. Sou do tipo que faz ovo, brigadeiro e pipoca com certa dificuldade.
Surpresa, perguntei-lhe: “Mas o que está fazendo?” De pronto respondeu-me: “Proteína de soja com molho de tomate.” Pedi que me ensinasse e ela começou: “Coloque a proteína de molho em um recipiente com água por cerca de dez minutos. Ela inchará e flutuará. Então, seque-a. Voce pode fazer isso numa peneira que ajuda. Reserve. Em uma panela, coloque alho amassado, cebola picada e ervas aromáticas e regue com azeite. Acenda o fogo e vá mexendo até dourar. Depois, despeje a soja na panela e mexa até cozinhar. Ao final acrescente molho de tomate. Fica uma delícia!”  Pela receita detalhada, notei o quanto ela conhecia de mim. Encantada perguntei: “E come com o que?” Deu-me uma lista complexa.
Então notei como os filhos se viram e dão um jeito de aprender, quando os deixamos de ensinar. Que maravilha é ter filhos! Que maravilha é aprender com eles! Que inspiração! Lá vou eu comprar a proteína de soja! #Partiu supermercado!

12 de set. de 2014

117: MEDO INFANTIL.


Quantos medos povoam a mente de uma criança, e quantos deles seguem à vida adulta! Medo do escuro, do ambiente estranho, de ficar só, de interagir, de ser rejeitado, de não conseguir, de perder os pais, entre tantos. Contudo, nenhum medo deve ser tratado como bobagem. E é bom que seja resolvido. Volto no quarto da minha infância, onde dormia com meus irmãos. Num dos cantos moravam nossas fantasias para além das alojadas em nós. Livros, discos, bonecas, jogos e brinquedos de toda forma e cor. À noite, após uma história, apagava-se a luz, e ligava-se o medo. Eu acreditava que os brinquedos ganhavam vida enquanto dormíamos. Era fascinante a ideia, mas era aterrorizante pensar o que eles poderiam fazer, no mesmo espaço que nós, e livres dos nossos comandos! Além disso, no escuro, os monstros, as sombras, os barulhos, a imaginação potencializavam-se. Ai o ranger da escada e o vento fazendo gemer a janela! Eu queria a luz acessa. Minha irmã a luz apagada. Ela dizia que assim não veríamos os monstros. E eu argumentava que era bom vê-los, conhecê-los, averiguar o tamanho, antecipar seus atos, nos proteger e encarar o que nos afligia. Mas vencia a luz apagada. Assim, aprendi, no escuro, a lidar na imaginação com o que me afligia. E na luz, a olhar nos olhos do medo, buscando enfrentá-lo com todas as minhas forças e fraquezas. Hoje meus escuros, monstros e medos são outros e ainda assim procedo. Aprendi que fugir ou esconder o medo, só o atrai. Mas encarar, enfrentar e ressignificar o medo, liberta. Ajude o seu filho nessa conquista. 

5 de set. de 2014

116: DIAS CONTÁVEIS.


O aplicativo “Project 365” foi-me apresentado pelas minhas filhas, enquanto conversávamos sobre ter dias contáveis. Esquentamos a conversa com a frase de Benjamin Disraeli- “A vida é muito curta para ser pequena.”- relacionando-a ao filme “Sociedade dos poetas mortos” no qual o professor (Robin Williams) repete aos alunos a frase de Horácio- “Carpe Diem” (Aproveite o dia)-, enquanto reforça a ideia da brevidade da vida e da importância de vivê-la de modo extraordinário. O aplicativo consta em postar uma foto do que lhe foi mais significativo naquele dia. Fiz isso por todo o mes de Agosto. Interessante reviver cada dia, refletir sobre ele, sobre todo o mes e o que o deixaria mais contável. O que não significa enchê-lo de coisas. Mas pensei ainda, em como este aplicativo pode ajudar a criança a repensar o seu dia, a colocá-lo em uma ordem cronológica, a entender o calendário e a escolher o que lhe foi mais importante. Também é ótimo para que os pais possam conhecê-la melhor, e o que a tem marcado. Contemplar o por do sol juntos, de repente, pode ser mais importante do que o último videogame que você comprou! Pode-se, ainda, colocar o mes numa cartolina e a criança desenhar, colocar legenda, o que lhe desenvolve outras tantas habilidades além da concentração. Até gosto mais dessa ideia. Sugiro que você faça um também. E juntos analisem cada desenho/foto, o seu todo, e conversem sobre a vida. Um excelente jeito de conhecer o seu filho e deixá-lo te conhecer. Um preventivo para evitar problemas futuros, e sem contra indicações.