24 de ago. de 2014

114: NO AR: A EDUCAÇÃO QUE TEMOS E A QUE QUEREMOS.


Participei, nesta semana, de um debate na TV Assembléia da Bahia com Marilene Betros, coordenadora da Associação dos professores licenciados do estado da Bahia, Maria Thereza Marcílio, gestora institucional da Avante-Educação e Mobilização Social e a Deputada Federal Alice Portugal, que participou, entre tantos outros, da Comissão Especial para análise do novo Plano Nacional de Educação (PNE). Fomos mediadas por Aureni de Almeida e o tema girava em torno de nossa educação real e a ideal. Um abismo enorme, mas onde podemos vislumbrar pontes de esperança. Falamos de políticas educacionais, de avanços, dos ganhos que já alcançamos e dos quantos ainda estão por vir. Sintetizamo-nos em quarto palavras: entusiasmo, esperança, luta e confiança. Muito se falou do novo PNE, que estabelece diretrizes, metas e estratégias para os próximos dez anos, sancionado neste Junho pela Presidenta Dilma Rousseff. Debatemos, entre outros, a aprovação da destinação de 10% do PIB à Educação Pública,  a ampliação do acesso desde a educação infantil até o ensino superior e a melhoria da qualidade do ensino. E em especial, a valorização do professor tanto em termos de sua formação e continuidade, quanto em melhorias de salário. Aliás, é urgente uma formação em que o professor tenha compromisso e ciência da grande responsabilidade que tem na formação dos seres humanos. O PNE é sem dúvida um grande primeiro passo. Que venham os demais. Mas, colocando os pés no chão, sem tirar a cabeça das nuvens, penso em algumas coisas.
A inclusão de todas as crianças de 4 a 5 anos na pré-escola é uma maravilha, em especial se tiverem ótimas condições para o seu desenvolvimento. Porém, a meta de aumentar para 50% a oferta de vagas das crianças de zero a 3 anos poderia ser ampliada, uma vez que esta é a principal fase de desenvolvimento da criança, na qual o seu cérebro terá a base de sua arquitetura. Vi na China tal sabedoria, onde o maior investimento nos próximos 10 anos dar-se-á na Educação Infantil, alicerce da educação. Outra importante meta do PNE inclui a alfabetização de todas as crianças até o fim do terceiro ano do ensino fundamental. Dá-me tristeza pensar nessa realidade e na continuidade da concorrência desleal. Afinal, as crianças de escola privada já entram alfabetizadas no ensino fundamental. Um país igualitário como vi na Finlândia, parece-me bem distante. Chateei-me com o artigo que trata de fiscalização. O cumprimento das metas propostas deverão ser continuamente monitoradas pelo MEC, pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pelo Fórum Nacional de Educação. Tenho escrito muito sobre a cultura da confiança e o sonho de termos um país, onde as pessoas saibam das suas responsabilidades e as cumpram. Isso se educa e se resignifica. Assim como a autoconfiança (valorizamos mais o que vem de fora) e o nosso “way of life” (imediatistas, com “jeitinhos” e egocentrados). Claro que há muitas pessoas que buscam fazer a diferença e fazem. Juntemo-nos a elas. E se o PNE foi um grande passo, ajudemo-nos com os demais. Afinal, uma andorinha só não faz verão. 

5 comentários:

  1. Anônimo8/24/2014

    Será que o PNE vai sair do papel? É tão difícil acreditar nesse país!
    Clarice Torres

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  2. Clarice,
    Temos ene motivos para desacreditar em nosso país. Mas se cruzarmos os braços e nada fizermos... o que será de nosso Brasil? Além disso, esse país é feito de gente, assim como você e eu. E por isso, também somos responsáveis por ele.
    Vamos lá! Façamos a nossa parte.
    beijo grande

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  3. Anônimo8/25/2014

    Professora Lígia, Tudo bem com a senhora? Tenho muitas saudades das suas aulas. Você fez uma grande diferença na minha formação e na minha pessoa. Nunca vou esquecer você.
    Concordo que precisamos melhorar a formação dos professores. Trabalho em uma escola particular e outra pública e é uma diferença muito grande. Na escola particular o perigo da demissão e a cobrança dos pais ajuda muito a gente dar o nosso melhor. Na pública eu vejo muito descazo. Os professores faltam muito e falta de tudo. E os alunos só querem bagunçar. Dá muito desanimo. Espero que melhore.
    beijo grande de Betania (Esuda).

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    1. Oi Betania, tudo bem? Que bom que contribui para a sua formação profissional e pessoal. Espero que tenha sido para melhor. rsrsr
      Eu também já trabalhei em escola particular e pública e senti mesmo uma grande diferença. No meu caso, eu não fazia distinção em relação a minha responsabilidade. Nunca tive medo de ser demitida ou exonerada. Fazia o que eu acreditava ser o melhor para a formação dos alunos. Errei, acertei, mas dei o máximo que eu podia naquele momento. Todavia, senti na escola pública que os professores não ficavam satisfeitos com o meu trabalho. Diziam: "Se você for ficar fazendo tudo isso, os alunos vão se acostumar e vão começar a cobrar da gente." Era uma tristeza, Betania! Mas eu procurava fazer a minha parte, cuidava para não me contaminar e seguia com a minha responsabilidade.
      A docência sempre me foi um presente.
      "Espero que melhore". Eu também, mas cabe a cada um. Façamos a nossa parte.
      beijocas

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  4. Anônimo9/27/2014

    A corrupção é o câncer de todos os setores da sociedade.
    A educação deveria ser gratuita e obrigatória, ela é a base de tudo, é o ponto de partida de todos os profissionais. Pra mim a profissão mais importante. Que pena que somos tão pequenos nesse tema. Mas acredito em dias melhores e em profissionais como vc, preocupados e competentes. Vamos lá....somos brasileiros e não desistimos nunca. Bjs, PatVal

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