7 de ago. de 2014

112. EDUCAÇÃO PELO MUNDO XIX: Finlândia: Coerência do princípio ao fim.


Nas escolas visitadas na Finlândia, vê-se excelente estrutura, moderna e ampla, espaço transparente, organizado e limpo. Nos corredores, obras de artes feitas pelos alunos são repletas de mensagens, habilidades, liberdade e respeito à diversidade. 
Além das aulas do currículo básico, os alunos têm várias optativas. Aulas de línguas, instrumentos musicais, corte e costura, gastronomia, lavanderia, marcenaria, tecelagem entre outras, com salas incrivelmente bem equipadas. 
E claro que numa sociedade tão igualitária e com mão de obra tão cara, no mínimo, aprender a fazer de tudo é uma excelente opção. Meninos e meninas cozinham, costuram, soldam, martelam sem distinção. A maioria dos alunos tem aparência saudável, descontraída e feliz. E o clima difícil não os impede de nada. Equipamentos e roupas especiais fazem com que a vida continue e explorem os conhecimentos para além das salas de aula.
Em geral, a conversa iniciava-se com a direção, mas eram os alunos que nos apresentavam as escolas em movimento. Apesar de ainda jovens, mostravam-se bem posicionados, seguros e cientes do que diziam. Sabiam o que aprendiam, o por que aprendiam e como aprendiam cada coisa. Que maravilha! Mas isso não é milagre. Para se ter uma educação de referência, o professor tem mesmo que ser bom, dedicado, estudioso e gostar do que faz. Precisa desenvolver nos alunos diversas habilidades e competências, diversificar métodos de ensino pois cada aluno aprende de um modo e em um tempo. Usar ainda os diversos sentidos e tecnologias, e propor várias possibilidades de aprendizagem. E isso vi na prática. Cito um exemplo: Os alunos haviam escrito um texto sobre um dado assunto, usando caneta e computador. Depois transformaram-no em imagens, então em colagens e por fim em audiovisuais. E tudo era apresentado ao grupo. As neurociências aplaudem!
O professor divide ainda os alunos em grupos de acordo com as capacidades e habilidades, e para isso é preciso conhece-las e saber identifica-las. Como também, possibilita que os melhores alunos ajudem os que têm mais dificuldade para que todos sejam bons. Mas ele não trabalha sozinho. Tem o apoio de um equipe de profissionais, o que contribui para um trabalho que prima a unidade na diversidade, e à igualdade. E isso também vi. Os alunos não são competitivos, mas estimulados à convivência e à construção em conjunto, pois ninguém aprende sozinho.  “Se é para competir que seja consigo mesmo para ser melhor.”, diz Mikael Flemminch do Conselho de Educação.
E nota-se, na prática, que os alunos têm mesmo a responsabilidade, e  não sofrem tantas pressões. A avaliação, por exemplo, serve em especial, para trazer informações aos alunos e aos professores sobre os ajustes necessários tanto ao ensino quanto à aprendizagem. Bravo! Disse-me uma professora: "A escola não é lugar de competitividade e alta pressão. Mas sim lugar de fazer amigos, aprender e ser feliz." E assim parecia ser.
O que mais dizer?
Finlândia, coerência é o seu sobrenome. E qual o nosso?

14 comentários:

  1. Anônimo8/10/2014

    Viva Lígia! Que texto delícia! Que educação maravilhosa e como estamos longe dela! Só não vou ousar dizer o nosso sobrenome, porque este já sabemos.
    Grande beijo de sua sempre aluna.
    Paty Lemos

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    1. Querida Paty, adoraria se conseguíssemos mudar o nosso sobrenome. Ainda tenho um fio de esperança. Bem pequeno mesmo, mas que me mantém viva. Façamos a nossa parte que já é uma grande parte.
      Um beijo enorme

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  2. Estou seguindo os textos. Sempre bom lembrar e comparar os pontos de vista. Um grande abraço, Carlos

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    1. Carlos querido, adoraria saber o seu ponto de vista, visto que és homem inteligente, crítico e bastante perceptivo. Afinal, vemos a partir do que temos em nós. Assim, um ponto de vista sempre será uma vista para um ponto. Troquemos os pontos.
      Grande abraço

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  3. Anônimo8/11/2014

    Pensei que fosse uma utopia minha, mas realmente existe escola assim!
    Carolina Araújo

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    1. Oi Carol, existe sim escola assim. E, creia, são todas públicas. Que diferença gritante quando comparada às nossas, não?
      beijo grande

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  4. Anônimo8/11/2014

    Parabéns professora Ligia Pacheco. Tive a honra de estudar com a senhora na FAFIRE. O texto e ótimo , mas estamos longe dessa realidade, quem sabe um dia chegaremos perto desse exemplo de educação. Abraços. Rose Andrade Andrade. Fafire.

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    1. Estamos sim longe desta realidade. Bem longe mesmo, se pensarmos que a educação na Finlândia é toda gratuita, inclusive as escolas particulares. Mas, se não começarmos... como alcançaremos? Sonhar sim, mas bem acordados, arregaçar as mangas e colocar a mão na massa. De grão em grão você chega a um milhão, já dizia o sábio ditado.
      beijo grande

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  5. Anônimo8/12/2014

    Pra quem gosta do assunto: Filhos, Educação, Pais, Educação pelo mundo; vale a pena seguir as postagens desta excelente Psicóloga e Educadora Ligia Pacheco. O seu blog na revista "Pais e Filhos" é excelente. Quando ela foi a China e postou tudo o que observou lá fiquei "encantada"! Informação que enriquece. FICA A DICA.
    Ligia Bulhões

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    1. Ligia querida, obrigada pela divulgação. Fico feliz que tenha se encantado. Esta é mesmo a ideia. beijo grande

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  6. Anônimo8/12/2014

    Perfeito Ligia, queria muito ter feito esse viagem e ver isso de perto.
    Luiza Caraciolo

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  7. Luiza Caraciolo Vale mesmo a pena ver de perto. Afinal, o que faz sentir faz sentido. E é mais fácil sentir ali, com todos os sentidos. Vamos na próxima? bj grande

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  8. Anônimo9/27/2014

    Aprender com prazer...isso é tão importante. Me lembrei da "cola da memória". Parabéns por repassar seus conhecimentos com tanto encantamento, paixão e talento. Bjs, PatVal.

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  9. Professora Ligia: esta educação presenciada e relata por voce é parecida, igual ou não com a Educação Waldorf? Estou errada? Por favor me esclareça.

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