11 de jul. de 2014

107. EDUCAÇÃO PELO MUNDO IV: Rússia: Recuperação de prestígio pela educação.

Seminário do Ministério da Educação Russa

O interessante de conhecer a educação de outra cultura é poder notar as diferenças e semelhanças em relação a nossa e ver o que podemos refletir e aprender.
Nota-se que a Rússia tem como meta a reforma educacional para dar conta da mudança político-econômica e retomar o prestígio mundial. Até 2021 todas as escolas terão que adotar os princípios educacionais estabelecidos pela nação, com foco tanto na prática pedagógica quanto na formação docente. Parece óbvio repensar a educação junto com tal formação, mas nem sempre se vê por aí ou por aqui. Nos pressupostos da reforma, percebe-se, entre outros, muita influencia dos princípios educacionais finlandeses, bem como de Paulo Freire, citado nos seminários organizados pelo Ministério da Educação da Rússia.
Mas que mudanças investem ou já adotam?
O papel do professor foi revisto para dar conta deste novo contexto. Os professores devem ter formação pedagógica com educação continuada a cada três anos. E aqueles sem experiência  tem um tutor para ajuda-los no saber fazer pedagógico. Aqueles com menos formação trabalham com as crianças pequenas, o que na minha opinião é um grande erro, visto que a base do desenvolvimento se dá na educação infantil, e portanto, onde deveriam estar os mais preparados e os mais experientes.
Se antes a meta era fazer o aluno confortável e cômodo à escola, agora tratam de fazer a escola confortável e cômoda ao aluno, desenvolvendo-lhe o interesse por estudar. Perceberam que não basta conhecer, mas sim ensinar o aluno a aprender a aprender. Desenvolver-lhe a capacidade de identificar e aplicar na prática o conteúdo aprendido, bem como relacionar a matérias. (Bravo!) Citam como exemplo a matemática que sempre foi muito forte entre eles. Hoje cuidam para que as regras se apliquem no mundo real dando maior sentido. E transparecem que o maior orgulho deles está na escola primária onde já ensinam através do aprender a fazer fazendo. Todavia é mais fácil neste nível de ensino, onde os conteúdos são mais básicos e os alunos menos condicionados. Contudo, seguem em desafio.

A escola deve ainda dar ênfase na  comunicação, aumentando a capacidade linguística dos alunos, a segurança, dando espaço para  que defendam seus pontos de vista e não se acanhem na resolução de novos problemas. 
Alunos apresentando-nos o sistema educacional russo.
Dar voz e vez ao aluno é realmente uma grande quebra de paradigma entre eles, mas necessária nos novos tempos. Contudo, na prática, percebi os professores muito arraigados num modo de fazer, com pouca fluidez e espontaneidade, e com um olhar sobre os alunos, que sem dúvida os intimidava. Claro, leva tempo mudar comportamentos tão incorporados, tanto em alunos quanto em professores. Mas pareciam dispostos a tal.
Alunos apresentando os livros lidos.
Plateia não tão animada.
À escola cabe ainda utilizar-se do método da problematização com base na metacognição, que consta em desenvolver nos alunos a faculdade de conscientizar, analisar e avaliar como se conhece, e pensar sobre o próprio pensamento. Concordo com a escolha. E, como é um método relativamente novo a eles, os melhores professores ensinam aos demais as competências necessárias para tal, multiplicando este novo jeito de ensinar e aprender. Há ainda um espaço virtual criado para que todos da comunidade educativa, inclusive os pais, possam interagir, estudar e aprender.
Aluno demonstrando as suas descobertas.
A escola deve ainda Introduzir novas tecnologias ao processo educacional, mas sem deixar de incentivar os trabalhos manuais. Também desenvolver nos alunos diversas competências, usar os diversos sentidos e diversificar tecnologias para as aprendizagens. E isto realmente vi na prática. Estão aprendendo a viver a teoria, enquanto as neurociências aplaudem!
Todavia, se percebi uma prática com ranços do tradicionalismo, percebi um discurso mais renovado. Agora é aguardar prá ver o que será. Mas uma coisa eu sei, é preciso querer caminhar, e caminhar. E isso eles estão fazendo.
Na próxima postagem, leia um presente recebido: tive o privilégio de assistir uma aula na Companhia do Balé Bolshoi. Aguarde.


3 comentários:

  1. Anônimo7/11/2014

    Estou adorando as postagens. Como os russos são formais!!!! Mas pelo menos caminham. E nós????? Reformas, reformas, reformas e reformas e a nossa escola pública é um caos.
    Assinado Professora desiludida

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  2. Anônimo7/13/2014

    Profeeeeee!!!! Que saudades das suas aulas maravilhosas!!!!!
    beijão no coração, Aureni

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  3. Anônimo9/27/2014

    É difícil mudar...mas o mundo está em acelerado processo de necessidade de MUDANÇAS. Vamos lá...Foco, Força e Fé. Bjs PatVal

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