Alunos de 14 anos apresentando-nos o sistema educacional. |
Em minha pesquisa, in loco, sobre o sistema educacional finlandês, fiquei
encantada com a cultura da confiança. Os finlandeses confiam muito neles
mesmos. A nação confia nos municípios que confiam nas escolas, que confiam nos
professores, que confiam nos alunos. E os pais confiam em seus filhos e no
sistema educacional. Não há supervisão se as escolas usam corretamente o
dinheiro pedido. Não há sistema de avaliação nacional para verificar se as
escolas estão realmente educando seus alunos. Não há supervisores observando se
os professores estão de fato trabalhando. Eles conhecem a sua responsabilidade
e têm autonomia para fazer com que os alunos aprendam. Não há bedel de olho no aluno. O aluno é responsável pelo
seu estudo e sua aprendizagem. Inclusive, ser aluno na Finlândia é visto como
profissão e é levado bem a sério, também pelos pais que colaboram para o
desenvolvimento dessa aprendizagem, sem chantagens e sem premiações.
Quando foi
perguntado a Mikael Flemminch, representante do Conselho de Educação, o que
faziam quando esta confiança era quebrada, ele riu. Pois esta confiança não é
quebrada. Esta é uma verdadeira lição às escolas e aos pais: quando se dá liberdade
com uma boa formação à autonomia e à responsabilidade, e dá o voto de confiança àquele que a recebe,
pode se ter certeza que haverá frutos. Afinal, o que de fato ensina uma supervisão
(um super olho) a cada passo dado? Orientar sim, oferecer apoio, confiar na
orientação dada e naquele que a recebe. Quer apostar como dá certo?
Mas alguém pode dizer: Mas aqui na cultura da desconfiança????
Há 25 anos, em minha primeira experiência como professora de
Fundamental I, recebi a seguinte instrução da Diretora que me contratava:
“Quero que você desenvolva nos alunos a responsabilidade e a autonomia. Para
isso, você terá liberdade para desenvolvê-las em si mesma, pois só ensina o que
se tem. E saiba que estaremos aqui para quando precisar, para quando não souber
o que fazer, para quando se perder, se achar ou quiser compartilhar.” Confesso
que eu tinha a maior motivação para fazer o melhor trabalho que eu poderia. Sentir
a responsabilidade da confiança e saber-se livre para criar, ousar, conhecer,
estudar fez toda a diferença. Esta escola foi uma faculdade para mim. Não só
como professora, mas também depois como mãe, onde verifiquei que a cultura da
confiança é possível. Afinal, a cultura também somos nós que a fazemos.