Prá quem acha que Finlânida é sinônimo de Papai Noel, Nokia e Angry Birds, pode ampliar a sua visão. É também a terra da educação de sucesso. Uma das melhores do mundo. Mas como?
A Finlândia foi destruída com a guerra, tornou-se independente há quase
100 anos, com uma população pobre e carente de estudos. É quase uma ilha, é
bilíngue (Finlandes e Sueco) e tem um clima bastante cruel. Como conseguiram
fazer diferença com tal perfil? Vamos em partes.
Em seminários com representantes do Conselho Educacional Finlandês,
sob a chancela do Ministério da Educação e Cultura, percebe-se que o sistema educacional é bem
descentralizado. O Ministério da Educação traça as políticas educacionais e o
enxuto Conselho Nacional de Educação coloca-as em prática. Elabora as
diretrizes curriculares, que são adaptadas pelos municípios de acordo com sua realidade.
As escolas adaptam-nas às necessidades locais, assim como os professores de
acordo com a realidade e as necessidades dos alunos. O Conselho ainda, em amplo
diálogo com as escolas, levanta dados (dos alunos, dos professores, dos
métodos, dos problemas), analisa-os, compartilha com todas as escolas em busca
de rápidas soluções. São cientes de que a educação deve ser cuidada no agora,
mas também para um futuro, e para isso é preciso saber prever e resolver
problemas. Levantam então as habilidades e competências atuais e as que se
farão necessárias e traçam mudanças. Nota-se a ênfase dada à metacognição, à
resolução de problemas e tomada de decisões, à criatividade e inovação, à
colaboração e negociação, à cidadania e responsabilidade, às novas profissões,
à comunicação em diversos idiomas, dando recursos para o desenvolvimento
integral do aluno, abrindo-lhes portas de oportunidades sem fronteiras. E a
educação funciona, pois há uma cultura da confiança onde todos são educados
para trabalharem com liberdade, responsabilidade e autonomia em prol de um bem
comum. Não há barganhas, não há falcatruas, não há supervisão. Há solução em
todos os setores da sociedade. Cada um reconhece o seu papel e faz.
Claro que estamos falando de
um país com um pouco mais de 5 milhões
de habitantes, com uma sociedade que prima pela igualdade, por desenvolvimento
de mundos e gentes e que investe a longo prazo. Desde a década de 60, a
educação básica é gratuita e obrigatória, e a partir da década de 70, o grau de
mestre, a todos os docentes, tornou-se requisito mínimo necessário. O professor
é muito valorizado e respeitado, e formado para ser consciente do seu papel
social e da grande influência nas gerações futuras. Já o Brasil tem mais de 200
milhões de habitantes, a educação não é valorizada, temos uma cultura
imediatista, oportunista e da vantagem, o que dificulta mudanças e
implementações de ideias. Mas é possível mudar? Sim. Basta olhar os
finlandeses. Resgataram a auto e heteroconfiança, educam bem o seu povo e com
fortes princípios, não se acomodam, traçam sempre novas metas e com atitude as
alcançam. Ficam aí as primeiras lições. Aguardem as próximas.
Profe, parabéns por mais esta postagem. Lembro que você sempre dizia que era preciso fazer diferente para fazer a diferença. Mas será que o Brasil quer?
ResponderExcluirSaudades de você e das suas aulas.
Carmem Silva
Carmem querida, eu diria que o povo brasileiro está dividido em grupos neste quesito. Uma boa parte nem tem consciência do que ocorre. Outra parte tem, mas não interessa mudar, pois é bom a eles que a maioria não tenha consciência. Outra parte, já desencantou e perdeu as esperanças. E outra ainda luta. Onde cada um de nós se encontra? Qual delas ganhará?
ExcluirTambém tenho saudades das nossas aulas. Muito bom quando professor e alunos caminham na mesma direção.
um beijo enorme
É um circulo vicioso. Eles tem uma educação excelente baseada na confiança, porque eles vem sendo educados para confiar uns nos outros... Excelente post Ligia.
ResponderExcluirCarlos, concordo que seja um círculo vicioso. Comportamento gera comportamento. E nós aqui na cultura da desconfiança. É um tema que voltarei no próximo post. Será que um dia conseguiremos quebrar tal ciclo?
Excluirbeijo grande
Você é minha inspiração. Saudade viu!
ResponderExcluirRibeiro Elanni
Saudades Elanni. A geografia nos afasta, mas a memória preserva. Até qualquer dia.
Excluirbeijo enorme
Obrigada pela contribuição do seu post Ligia Pacheco - a reflexão é: se quisermos uma educação significativa e de qualidade no futuro, precisamos começar hoje! não são receitas, são grandes ideias a serem seguidas!Mas o povo brasileiro precisa evoluir também!
ResponderExcluirSimone Amorim
Simone, um dos representantes do Conselho Nacional de Educação da Finlândia, disse algo que fiquei a pensar: "Pequenas ideias podem gerar grandes resultados". E parece que ele tem razão. Façamos a nossa parte. um beijo e já já vem o próximo post.
ResponderExcluirCom carinho,
Educação gratuita e obrigatória. Esse é ponto. Bjs PatVal.
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