A criança tinha 8 anos, mas a mãe já estava a postos para a pergunta. Havia lido blogs, comprado livros, conversado com psicólogas. Sabia exatamente o que responderia à filha, o que os seus pais não a conseguiram responder: “O que é sexo?” E este tabu ela não queria repassar. Queria poder falar abertamente com a filha, o que não conseguiu com os seus pais.E eis que chega o dia. A criança fazia as suas tarefas, quando perguntou:
- Mãe, o que é sexo?
Naquele momento a mãe corre ao quarto, volta carregada e expõe livros infantis sobre o tema, espalhando-os pela mesa. O olhar curioso da criança avança e logo a mãe se propõe a explanar. Ao final, faz algumas perguntas e a filha responde sem tanto envolvimento e interesse para frustração da mãe. Logo volta à sua tarefa e lança mais uma pergunta:
- Mãe, mas o que eu coloco aqui na ficha. Sexo F ou M?
Ou seja, era preciso contextualizar antes a pergunta da criança. Às vezes criamos tantas expectativas em algo e o planejamos tanto, que esquecemos de observar o mais importante. Quer uma dica que não falha às perguntas? Sonde o que a criança quer de fato perguntar. Busque entrar no mundo dela, que aliás é bem diferente do seu, pois cada um percebe o mundo à sua maneira de acordo com os recursos que tem. Deixe o diálogo fluir, deixe a criança se expressar. E busque ampliar sim o mundo dela, mas com cuidados. Afinal, são tantas possibilidades de assuntos e diálogos! Entre tantas, pode ser sobre o questionário, sobre a diferença de sexo e gênero, dar até esta aula sobre sexo se a conversa assim fluir. Mas é bom que os assuntos partam da necessidade da criança e não da nossa.
Que tal assim?
- Mãe, o que é sexo?
- Onde está aparecendo a palavra, Filha? Deixe-me ver com você.
E assim contextualizando, e em diálogo, você pode melhor ajudar seu filho(a) a compreender a si e o mundo ao seu redor.