“Eu queria ser criança para
sempre” foi uma das frases da menina de sete anos. Claro que eu fui investigar o porquê. Acho
uma delícia entrar no mundo da criança. É tão mais lógico, simples e surpreendente!
Logo vi, que era menina como eu fui. Gostava de brincar. E queria ser sempre
criança para poder brincar para sempre. Este era o seu desejo. E só se deseja o
que se conhece? Talvez. E ela conhecia: brincava e sabia o que era brincar. Nossa
conversa foi entrecortada por piruetas, mergulhos na piscina, corrida atrás da
bola, penteados diferentes em mim enfim, uma conversa brincante. Mas continuei nosso
rico diálogo enquanto dava um tapa na bola que não podia tocar o solo. “Adulto
não pode brincar?”, perguntei. Ficou confusa. E então seguimos nossa conversa
enquanto ela ia descobrindo que tinha tios, conhecidos e professores que sabiam
ser crianças para sempre.
Infelizmente, esta menina é minoria. A maioria das crianças com esta
idade já estão ocupadas com coisas de mocinha. Batom, esmalte, chapinha, até
depilação eu já vi! O que é uma pena, pois para manter a criança viva é preciso
primeiro ser criança. E a infância... a infância... passou.